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É possível viver para além disto!

É possível viver para além disto!

Será que não escolhemos?

19
Ago19

Antes de começar, quero só explicar-vos que a minha história não se conta num post, nem em dois, na verdade, nem sei em quantos se contará. Mas também não sei (porque o projecto ainda é muito novo para mim) se vos contarei a história de uma só vez ou se vou intercalando com outras histórias, testemunhas, outros temas, etc.

No post anterior contei-vos que sou filha de pais divorciados, mas não é esse o ponto fulcral de toda a origem deste blogue.

Ser filha de pais divorciados não me incomoda, aliás, o que me incomoda é ter sido filha de pais divorciados tarde demais, aos meus 17 anos. 

E acredito que esta afirmação choque quem me leia. Acredito que não seja normal ouvir alguém (hoje adulta) dizer que preferia que os pais se tivessem divorciado muito cedo. 

Na verdade, no meu caso acho que os meus pais nem sequer se deviam ter casado, mesmo tendo a noção que se os meus pais não se tivessem casado hoje eu não estaria aqui.

Mas sim, desde miúda que pedia que os meus pais se separassem. Óbvio que não foi desde que nasci, ou desde que comecei a falar. Talvez pelos meus seis/sete anos de idade tenha começado a perceber que os meus pais não se davam bem, que as discussões eram constantes, que os choros eram mais do que os sorrisos, que o ambiente era mais pesado em casa do que fora dela.

O problema é que quando somos pequenos, só conhecemos uma só realidade: a da nossa casa. E nessa altura nós não sabemos o que é certo ou errado, não imaginamos sequer que existe todo um mundo diferente para lá daquelas quatro paredes onde vivemos.

E foi assim que durante anos me desenvolvi, num ambiente opressivo, agressivo, depressivo, sem ter ideia de que havia algo melhor para lá daquilo, que era possível haver amor e afectos, e não apenas gritos e/ou choros.

Eu era amada, eu sei que era. Ou melhor, sei que sou. Nunca deixei de sentir o amor por parte da minha Mãe, nunca. Simplesmente durante anos não o pudémos demonstrar. 

Até porque o ambiente agressivo não era comigo. Mas era com quem eu nasci a amar. E sem eu saber sentia que aquilo era para comigo também. E quem o fazia, quem gerava aquele ambiente negativo, devia ser alguém que eu também devia ter nascido a amar. 

E por isso, durante anos a pergunta que me fazia era se será que nós não escolhemos a família em que nascemos, os pais que nos "calham" e os irmãos que nos "saem".

Esta é exactamente a pergunta que vos deixo: será que não escolhemos?

 

Independentemente de tudo...

...é possível viver para além disto! 

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